sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Curiosidades da Justiça

"Levar avante um bom casamento é como administrar uma fazenda --é preciso começar tudo de novo, todas as manhãs". Essa é apenas uma das frases (conselho de sabedoria chinesa) de uma sentença judicial proferida pelo juiz do 1º Juizado Especial Cível do TJ (Tribunal de Justiça) do Rio de Janeiro, Luiz Henrique Castro da Fonseca Zaidan em ação que envolve um homem traído que resolveu processar o amante da mulher por ele o transformar em um "solene corno". O caso foi publicado pela mídia e foi uma das notícias mais lidas ontem no jornal Folha de São Paulo. No processo, o marido acusa "o outro" de calúnia e ofensa à honra e pede indenização por danos morais. O caso é no mínimo curioso e só se supera pelo teor do despacho do juiz que não poderia ser mais inusitado. O juiz narra que um dia o marido relapso descobre que outro teve a sua mulher e quer matá-lo --ou seja, aquele que tirou sua dignidade de marido, de posseiro, e o transformou num solene corno! Quer 'lavar a honra' num duelo de socos e agressões, isso nos séculos passados, porém, hoje acabam buscando o Poder Judiciário para resolver suas falhas e frustrações pessoais. O caso começou quando o marido, um policial federal, descobriu que a mulher o traía. Transtornado, ele telefona para o amante para cobrar explicações, exigir seu afastamento e fazer diversas ameaças. Na mesma semana, o amante recorreu à corregedoria da PF para denunciar as ameaças. Entretanto, não foi possível o sigilo do processo administrativo e, por isso, o marido afirmou que, na época, sofria com piadas dos colegas que sabiam do fato. A mulher ainda manteve o relacionamento extraconjugal com o amante durante sete meses --ele trabalhava como professor de educação física na rede municipal de ensino, na mesma escola da mulher. Na sentença, ele destaca que, no Brasil, ainda existe a cultura de que apenas os homens podem trair. Em seguida, afirma que atualmente não há mais mulheres "submissas" ou "santas", e ainda recita um "ditado antigo, da época dos senhores de engenho". "Pais, prendam suas 'cabras' que meu 'bode' está solto". Após afirmar que as mulheres "traem de coração, ao contrário dos homens", Zaidan ainda cita os clássicos da literatura "Madame Bovary", de Gustave Flaubert, e a personagem Capitu, de "Dom Casmurro", de Machado de Assis, para concluir sua sentença. Por fim, ele concluiu seu despacho dizendo que ao réu também deve ser estendido perdão, porque as provas nos autos demonstraram que o autor perdoou sua esposa e, agora, busca vingança contra o réu, que também é vítima de si mesmo juntamente com a esposa do autor." O magistrado julga o pedido do marido improcedente e diz que o processo deve ser arquivado.

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