Nos braços de Serra

O Partido dos Trabalhadores (PT) conseguiu dar um tiro no próprio pé e jogar o (quase ex) pré-candidato à presidência, Ciro Gomes (PSB) para os braços de José Serra (PSDB). Que façanha! A manobra para retirá-lo da disputa, muito provavelmente fazendo pré-acordos com o PSB no caso de vitória de Dilma Rousseff em outubro, acabou onde menos esperava o Presidente Lula: nas mãos de seu maior adversário, o Serra. A situação é no mínimo irônica, para não dizer desastrosa do ponto de vista político. Com um discurso de que o tucano está melhor preparado para comandar o Brasil, Ciro Gomes deixa claro que rumo pretende tomar nessa disputa. Parece que o PT está fadado a irritar possíveis aliados e afastá-los. Primeiro foi Marina Silva que deixou o Ministério e foi para o PV e hoje é adversária de Dilma. Agora a bola da vez é Ciro Gomes e já se fala, em âmbito estadual, de uma possível aproximação entre PC do B e o também pré-candidato à governador de São Paulo, Paulo Skaf. Nesse caso, a mágoa é do vereador Netinho de Paula, nome mais forte para a vaga de segundo candidato a senador na chapa de Aloísio Mercadante (PT). Se continuar nesse ritmo restará muito pouco de Dilma e do PT para contra história em outubro. Não é porque Lula supostamente elege até poste (como dizem) que a eleição já está ganha. Apesar de ter minhas preferências eleitorais, não significa que o jogo sujo e a rasteira do PT em Ciro Gomes tenha meu apoio enquanto eleitora. E acho que se já havia uma certa resistência a Dilma, agora com esse tipo de atitude, a situação tende a piorar. Talvez pior que o PT, só o PSB para tolerar esse tipo de coisa e se unir ao PT, dando uma rasteira em uma de suas principais figuras e também a de maior peso. Honestamente, se Lula fez Ciro Gomes transferir seu título de eleitor do Ceará para São Paulo e depois morrer na praia, acho que foi dado o primeiro passo dos petistas em direção a derrota.